quinta-feira, março 05, 2009
Bem-fazer
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Olhando a humanidade do século XXI tentamos – com isenção – reconhecer algo que não a identificasse com o seu primitivismo ancestral.
Após centenas de milhares de anos, adiante das descobertas revolucionárias e ante o inestimável progresso científico e tecnológico, o homem não parece querer desvencilhar-se de antigos conceitos, semelhantes emoções e resultados comuns.
A quem interessa a atual ordem mundial – pessoal e coletiva?
Estranha-se que a humanidade – nós – alegue repudiar a guerra e as dores dela advindas, ao passo que as renova e mantém diuturnamente – sob justificativas injustificáveis –, deixando entrever interesses ... encobertos por razões surreais.
O homem exalta – mantém e alimenta – a condição de “mestre do faz-de-conta”.
Faz de conta que não vê – o que não interessa –, que não ouve – o que desagrada – e nada fala a respeito do que acredita não ser problema seu.
Falar o quê? Pra quê?
Melhor fazer – continuar fazendo – “vista grossa”, “ouvidos moucos”. Afinal, “isso” isenta de qualquer responsabilidade sobre a vida e a morte – dos outros. Não é?
Não. Em verdade, não é assim que as coisas funcionam.
Não somos responsáveis apenas pela “nossa pessoa” – pelo que dizemos e fazemos – ou pelos “nossos”, mas por tudo – absolutamente – que “colocamos em nosso mundo”, em nossa vida.
Somos a beleza que pregamos e também a feiura que dizemos abominar – e que estampa-se – invariavelmente – bem diante dos nossos olhos.
Homem-apego: vive de futuro, de conquistas, de competição e cobiça e discriminação e violência – se for o caso – e ...
Homem-ego que vive os opostos do mundo. Alterna – dentre outros tantos – entre benevolência e malevolência, certo e errado – e – ainda assim – sente-se no direito de julgar os que ousam ser diferentes.
Atentemos para a cínica face do ego em sua renitente hipocrisia – ainda quando silente –, manifestação mesquinha e ferina e prepotente e danosa que reflete o estado atual do homem – “homo mundanus” –, pretensioso e soberbo, diferenciado e “mais que os demais”, face velada – ou nem tanto – e distorcida da realidade. Hipocrisia: culto de corações néscios e almas insanas.
Não basta dizer: “eu não sou assim”, mas fazer diferente do que se “condena”.
Não basta não fazer o “mal” – a neutralidade é deveras cômoda –, mas importa fazer o bem.
O que representa o tempo do mundo em face da eternidade, quando o que realmente importa é – exatamente – o “fazer”. Fazer que revela natureza e estado de Ser.
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